sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Datas das Apresentações



Dias 7, 14 e 15 de setembro, as 21h e as 24h na Frente do Theatro Sete de Abril irá acontecer o espetáculo "Olhar do Outro", financiado pelo Procultura de Pelotas, o projeto busca realizar intervenções em locais públicos da cidade de Pelotas.
O livro “A Gaivota” de Anton Tchekóv é o ponto de partida para a composição, mas não somente neste é composta o espetáculo, o grupo criou diversos textos e também se utilizou de outras obras como "Os Filhos de Kennedy" Robert Patrick para a montagem do trabalho.

Direção: Alexandra Dias

Atuação:
Ana Laura Barros Paiva
Lumilan Noda
Tai Fernandes
Tatiana Duarte

Cenário: Alexandra Dias
Figurino: O grupo e Larissa Martins
Som e Vídeos: Thiago Rodeghiero
Material Gráfico: Thiago Rodeghiero
Iluminação: Juliano Bonh Gass

Oficinas de Preparação:
Contra-Mestre Jarrão – Capoeira
Rodrigo Rocha - Campos de Visão
Lásier Silva de Almeida – Dança de Rua

Post por Tatiana Duarte

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Fragmentos de Textos Curtos


Esses fragmentos de textos que estou memorizando para nosso encontro hoje, são cheio de signos em meu processo de pesquisa na cena.




Veja eu adoro esse theatro, os postes, a calçada, e esse céu, sinto que a natureza e os objetos despertam em mim um entusiasmo, um desejo irresistível de estar nestes lugares.
...Em fim, tenho a sensação de que só sei mesmo é ver e estar nestas imagens, e tudo mais, eu sou falsa, sou falsa até a medula dos ossos.
...Uma ideia para um conto curto: Um jovem vive na beira de um lago, desde a infância; ama o lago, como uma gaivota, e é feliz e livre, como uma gaivota.
Mas de repente aparece um homem, ele a avista e, por pura falta do que fazer ele a destrói, assim como aconteceu a essa gaivota.



As Arkádinas
Meu Filho, Hamlet!
Tu fizeste meus olhos se voltarem para dentro da minha alma e eu a descobri tão coberta de sangue e de chagas mortais que não pode mais haver salvação!
...Para mim, não se trata de formas novas, o que há aqui é apenas má índole.

Post por Tatiana Duarte

domingo, 26 de agosto de 2012

Formas novas, simbolismos... sonhos...


Desde que começamos os ensaios, todo o grupo relatou seus sonhos, e eu não tinha sonho algum. Na verdade tive-os, mas não os lembrava, nem um borrão.
Acordei em um susto, e me lembrei de tudo o que sonhei, então peguei meu bloquinho e uma caneta que ficam sempre ao meu lado e comecei a escrever o sonho, este me acordou abruptamente.
O sonho foi assim: Xanda, nossa coordenadora e amiga, nos convida para ir em uma festa na sua casa no Cassino, todos do projeto fomos, eu cheguei depois, com os cabelos brancos e puxava alguns cachos, sentia um gosto de sal e pensava que ia ficar um pouco na festa e depois ia para casa tomar banho.
Na sala da casa tinha uma mesa comprida e um aparelho de som a esquerda de quem entra, era larga e todos transitavam com total liberdade, um lugar bem lindo e conseguiamos escutar o mar a todo o momento. Nesta festa, além de nós, tinha outros amigos da Xanda, estes eram os atores do “Clube do Fracasso”, achei bem legal ver eles e conversar, trocar ideias, mas eu fiquei sem jeito pois estava com os cabelos bem estranhos, “Brancos e Salgados”.


Ficamos na sala e contando histórias e rindo muito, ficamos em volta da mesa e cada um contava uma poesia, contos, dentre outras coisas. Falaram:
-Agora é a Tatiana.  Fiquei pensando no que ia falar e não vinha nada, até que veio um texto na mente e peguei um microfone e comecei :


 – Ficamos emaranhados por um tempo... até que tudo se desfez. Cada um foi para um lado e nós nem soubemos o por que. As coisas são estranhas... Deixando as pessoas sem palavras e sem explicação, e tudo se escorre.


Com esse texto na cabeça acordei apavorada, levantei a cabeça para ver as pessoas, e como elas recebiam o fragmento, porém eu já estava em meu quarto, ainda meio no sono e meio acordada, com o coração disparado, acalmei-me e escrevi esse relato.




Post por Tatiana Duarte

Trepliov - Parte 2 do texto

As coisas foram ficando mais difíceis pro Trepliov quando ele percebeu que, aos poucos, a Nina foi se afastando dele e se aproximando mais do Trigorin. Ela foi desgostando do Trepliov e passou a se interessar mais pelos textos que o Trigorin escrevia. Mas muita coisa mudou num intervalo de dois anos... o Trepliov ganhou fama e reconhecimento, mas aquilo não bastou por muito tempo também... ele, que falava tanto em formas novas, agora já se percebia caindo na rotina também:

"Cada vez mais me convenço de que a questão não consiste em formas novas ou formas velhas, mas sim em que a pessoa escreva sem pensar em formas, sejam quais forem, que ela escreva porque isso flui livremente da sua alma."

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O que o teatro quer de mim? O que eu quero do teatro?



Oh céus... oh vida....
Começo essa postagem assim, desabafando as angústias, deixando agora o ar sair, mais do que entrar.
Não sei se é a estréia, o medo ou a frustração.... mas meu coração bate com ansiedade.
Em muitos momentos nós (o grupo) nos sentimos frustrados. Acho que essa sensação vem em função do amor e admiração que temos pela arte de atuar. Porque nos cobramos tanto?
Parece que sempre temos a pretensão de agradar ao público, porém neste trabalho que realizamos agora, isso não se faz presente.
Medo, angústia, frustração são características indispensáveis dessa peça.
O que apresentaremos ao público?  Apresentaremos um produto, sim. Mas principalmente parte de nossa pesquisa atoral.
Muitas cenas foram dispensadas... algumas me agradavam bastante.
O trabalho de ator no Olhar do outro, com a supervisão da Alexandra Dias, fez sentir outra parte de mim, ou seja, sempre fui muito visceral, doava muita força para qualquer personagem. E nesse momento, tenho doado outras faces, como suavidade, perseverança, técnica, silêncio, aceitação da não-ação.

Sinto meu corpo dolorido, depois de 3 meses corridos de experimentações. Todos os dias pondo o corpo e a mente para trabalhar. Agora mais o trabalho com as escadas, ombros roxos, canelas machucadas, dor nos pés, nas costas....
Quem disse que ía ser fácil?

Como auto-avaliação, preciso dizer que só estou presente quando realmente estou.... não consigo ir somente com o corpo e deixar a mente em casa. Estou! ou não estou!
Hoje precisei fazer um retiro na cama, deixar o ar entrar.... mas a culpa de deixar o resto do grupo ensaiar sem mim é grande. Mas não havia o que fazer....
Vontade de chorar.... chorei!
É tanta expectativa que as pessoas criam... Sinto muito, mas não pretendo agradar ninguém neste trabalho.
Está sendo uma descoberta (sútil) e unicamente minha.
Mas sim, essa permanência e resistência no fazer teatral ora nos eleva ora nos frustra. Queremos que haja público de teatro nas cidades... mas também não criamos algo para agradá-los....
Como disse uma jurada de um festival que tive a oportunidade de participar: "Eu gosto de coisas belas, não gosto de coisas tristes". Lamento, mas o que pode ser belo para um, não será belo, necessariamente para o outro. Tem gente que assiste novela porque julga belo, outros usam o aparelho de TV como áquario, pois belo é a natureza! 
Será impossível agradar a todos, mas tocar alguns, isso é possível!

Nosso trabalho atual viaja entre a linguagem do teatro e da performance. E digo viaja, pois também faz uma ponte ao inconsciente.

Nas próximas linhas dessa postagem escreverei duas versões de uma mesma pergunta:

  • O que o teatro quer de mim e o que eu quero do teatro? (uma versão mais antiga, a primeira. A outra, mais recente).
As respostas foram escritas, sem me dizer não. Ou seja, deixei a mente escrever o que o coração sentia.

O teatro quer de mim, o mesmo que a terra quer de uma árvore.
Quer raízes, quer fortalezas. Marcas do tempo gravadas no corpo, na expressão.
Cada traço em meu corpo, uma obra a revelar.
Das raízes vem a força, a segurança. Conexão com a terra.
O vento a pulsar trará sempre algo novo, que vem de longe.
Trás o meu ânimo em atuar.

O Teatro quer que eu me arrisque por ele, dõe minhas horas,
meus desejos insanos (...)
Ele quer que eu não tema, pois será como um vulcão em erupção
a descobrir minhas próprias faces.

Eu quero que no teatro possa me encontrar.
Mesmo quando tudo desmoronar.
A expressão teatral é reveladora, transforma vidas.
Quero poder satisfazer meus desejos de atriz, ultrapassar a linha do real.
Me desnudar e atingir pessoas...
Quando me exponho e mostro meu modo, é menos uma máscara a possuir.
O teatro, feito por atores, é buscador da verdade e se quer,
denuncia.

Eu quero que o teatro seja o caminho e, não o atalho.
É a minha forma de viver no mundo.
Através dele faço poesia, versos, ensaios.
Alúcino e também realizo.
Modifico vidas (nem que seja a minha)
Posso brincar de ser quem quiser, como quiser...
sem seguir regras.

Quero que a partir do teatro possamos denunciar a corrupção.
Quero que o teatro me queira ... ao meu corpo.... minha alma....
Não sou nem serei menos digna ao vestir máscaras,
pois é a está arte sagrada que dôo minahs horas de estudo,
meu conhecimento interior e para com o mundo.
Agradeço a ele, pois ajudou-me a tornar quem sou hoje.


Meses depois, para a mesma pergunta, uma nova resposta:

De certa maneira quero do teatro a complexidade de seus personagens e enredos,
que são reflexos da vida real.
O que não compreendemos aqui (...) pode ser transposto ao teatro, à cena.
"EU QUERO DA VIDA UMA VERDADE REIVENTADA" Clarice Lispector
Isso eu encontro no teatro... quando os amores da vida cotidiana não são como nas dramaturgias.
A vida não é Romeu e Julieta e nem somente Medéia, Eléctra ou Édipo Rei.
Tanta simbologia que minha mente até desconhece.
Me aprofundo na subjetividade.
E para onde foi Jung?

A vida se não for reinventada, é melhor que não exista.
Na arte e específicamente no teatro, encontro essa maneira de ser.

Por quê a escolha por um caminho tão difícil assim?

Não há nada que seja tão evidente, nem fórmulas mágicas, seja de "Stan" ou Grotowski.

Espero que o teatro persista em mim, assim como o persisto.
Essa maneira de recriar, re-contar, elaborar, projetar.
Um universo fluido e irreal... que encanta.

De um lado uma sociedade (massificada), cheia de imposições. Por vezes, vazia de virtudes; alimentada por um sistema que arroga, impõe.
Onde tudo é medo, frustração ou mero funcionamento maquinário.

O homem cheio de pensamentos (...) poeta, pintor, navegador,
colore a alma, alejos do arco-íris.
O teatro sobrepõe o vazio existêncial.
É a fuga das imposições.
Encontra Chico Buarque, Caetano e Bethânia.
Reconta e cria histórias sobre as histórias,
da galinhola até "A gaivota".

Quero meramente viver essas vidas, contá-la aos outros...
E isso, não é nada além do que compartir sonhos, vontades, literatura, enfim.

Obrigada ao leitor.
Uma atriz...
Tai Fernandes

domingo, 19 de agosto de 2012

Parar de pensar




Aproveitando quero falar da nossa tarde maravilhosa de sexta feira, onde saímos pelas ruas com nossas escadas, a fim de testa-las e buscar a segurança quando subimos.
Mas senti necessidade de desabafar com o pessoal do projeto sobre minha angustia de não achar boas as coisas que tenho feito. Foi difícil falar, mas ao mesmo tempo foi bom, pois estamos trabalhando a um bom tempo e eu ainda não estava tão conectada a minha personagem.

Sinto que me cobro muito e isso faz com que eu não fique a vontade para buscar coisas novas e me jogar na cena.
Falar da gente é difícil, e ainda mais quando temos que trazer esses sentimentos da nossa vida.

Pensar nos nossos momentos de tristeza, de angustia, de desejos e de frustração que a peça “A gaivota” toca de uma forma muito clara.
Agora com a chegada dos meus ivros “Os filhos de Kennrdy” e “Doidas e Santas”, pretendo cair de cabeça nos meus novos textos para trazer esses sentimentos com verdades para o publico.




Ana Laura Paiva

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Tudo de mim

Amélia minha vó


Você Tomou o Melhor de Mim
Embalados por essa artista maravilhosa Billie Holiday, na musica All of me. Ficamos improvisando em nosso ensaio ao som desta diva, partimos para experimentar movimentos e criações em grupo.



Hoje vamos apresentar o resultado do nosso improviso.
Tradução de um trecho da musica http://letras.mus.br/billie-holiday/175858/traducao.html
...Seu adeus me deixou com esses olhos que choram
Como posso seguir em frente, querido, sem você?
Você tomou o melhor
Então, por que não toma o resto?
Baby, tome tudo de mim.


Também fiquei com a tarefa de acrescentar outro fragmento de texto e escolhi o da pagina 49,
por que foi um dos que me chamou a atenção, pelas emoções dos fracasso deste personagem que no começo de sua carreira era medíocre, conclui que ainda é. Faço relação com o próprio Tchecov um escritor e sua roda de amigos artistas.

Trigórin: Que sucesso?
Eu nunca agradei a mim mesmo. Não gosto de mim omo escritor.
O pior de tudo é que me sinto numa espécie de embriaguez e muitas vezes nem entendo oque escrevo.
Veja eu adoro essa água, essa árvore, esse céu, sinto a natureza, ela me desperta em mim um entusiasmo, um desejo irresistível de escrever.
...E no fim tenho a sensação de que só sei mesmo é escrever sobre paisagens e em tudo o mais sou falso, sou falso até a medula dos ossos.  

Tatiana Duarte

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Ser Famosa


Passei o fim de semana pensando na criação da minha cena e nas atividades pedidas pela Xanda.
Consegui escrever algumas coisas que gostei e muitas que não, mas minhas pesquisas que valeram mais a pena, pois encontrei  onde as novas "estrelas" vão buscar inspiração para montar seu visual com atitude.
Lindas e famosas e ícones de estilo.
Foram os olhos bem delineados com preto, penteados altos e com volume, curvas em evidencia, cabelos loiros e ondulados,  a bocão carnudo entreaberto, batom vermelho, o andar calmo e sensual,  entre outros traços como estes eternizados com o passar dos séculos.
Tudo isso foi  através do sucesso que faziam nas telonas.





"Ainda criança eu sonhava em ser bela, tão bela que chamasse a atenção de todo mundo quando passasse. O problema é que o sexo tornou-se um objeto e eu detesto ser objeto. Mas se tenho que ser símbolo de alguma coisa, ainda prefiro o sexual."

"Debaixo da maquiagem e por trás do meu sorriso, eu sou apenas uma menina que deseja o mundo".

Marilyn Monroe




Ai esta a pergunta mais importante que ainda estou tentando responder, elas eram assim realmente ou eram personagens para as telonas, pois minha personagem sonha em ser reconhecida pelo seu trabalho, sua beleza. Quer ser única e ao mesmo tempo segue seus "ídolos" tendo eles como perfeição.
Assim como pensar nelas como influenciaria na minha vida, na minha vontade de ser famosa?









Audrey Hepburn














Lis Tailor

















Priscilla Presley















 Verônica Lake















Brigitte Bardot














Bom assim que eu estiver com meu texto corrigido escreverei ele no blog!
Beijinhos Ana Laura Paiva

sábado, 11 de agosto de 2012

"Eu Sou o Trepliov" - PARTE 2 - NINA: mais Sonho que Realidade?


As coisas foram se tornando mais difíceis para o Trepliov quando ele percebeu que, aos poucos, a Nina começou a se afastar dele e, além de reprovar a sua inspiração, passou a se interessar mais pelos textos que o Trigorin escrevia. Aos poucos, a Nina foi desgostando do Trepliov para ir se aproximando de Trigorin. Agora, ele já percebia que ela se sentia constrangida na presença dele. 

A Nina nunca aprovou a inspiração do Trepliov, antes mesmo dele estreiar a peça, quando, minutos antes, ela concluiu e disse pra ele que "aquele texto era difícil de representar" e que "não possuía personagens vivos".  Bom, o Trepliov acreditava que "não se devia representar a vida  do jeito que ela é, mas sim como se apresenta nos sonhos". Talvez porque os nossos sonhos representem as nossas vivências, só que dentro de um universo cheio de símbolos... Eu não sei se o Trepliov pensava isso, mas eu acho que foi por esse caminho que ele acreditou que o teatro deveria andar e por assim acreditar foi que outras pessoas, a mãe dele e inclusive a Nina desacreditaram dele. 

Os "sonhos" ganham um peso tão forte nessa peça que, para mim, chega a ficar subentendido que, aquilo o que ele escreveu, nada mais seja do que algo com o que ele já sonhou mesmo. O próprio texto da Nina: "Homens, leões, águias e perdizes....", ela dizendo que tudo está morto e que todas as vidas estão nela... Então, se dentro do sonho do Trepliov a Nina não era apenas um amor - e sim todas essas vidas...  e inclusive a alma do mundo, bem como ela diz.... Logo, se ela realmente simbolizou a força da vida pra ele... Para o Trepliov perder a Nina seria o mesmo que perder a vida.

O Trepliov escrevia não só as peças de teatro com símbolos, mas a vida dele também era escrita assim.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

"Eu Sou o Trepliov" - PARTE 1 - O que a Arkádina representa pra ele


Eu sou o Trepliov... Não... Trepliov é, na verdade, o nome de um personagem na peça "A Gaivota", do Anton Tchekhov. O Trepliov é um escritor jovem, e é filho da Arkádina, uma atriz famosa! Ele vai estrear uma peça - escrita por ele mesmo - apenas para os familiares, amigos e algumas pessoas que fazem parte do círculo social da mãe. Até mesmo o namorado da Arkádina, o consagrado escritor Trigorin vai estar lá assistindo a peça. 

O local que vai acontecer esse espetáculo é a fazenda do tio do Trepliov. E o palco é um palco construído às pressas, a céu aberto, a com vista para um lago no fundo. Nos planos dele, a cortina deve levantar exatamente às 20h30, quando a lua estiver bem no centro. E, no centro do tablado, quem vai estar representando este texto, bem da mesma forma como o Trepliov sonhava, vai ser a Nina, o amor dele - ela é uma jovem aspirante a atriz que mora do lado de lá do lago!

Acontece que a mãe dele - a Arkádina - está incomodada porque, na visão dela, o que o filho quer com essa peça é implicar com ela, ir contra a tradição teatral e inventar um jeito novo de se fazer teatro. Mas talvez tudo o que ele queira seja apenas fugir das convenções teatrais... pra poder seguir a própria inspiração. Ele acreditava em formas novas, pra ele isso era essencial que houvesse.

Mas na verdade, o Trepliov sabe que ela só está assim porque naquela noite não é ela quem vai estar representando, e que portanto ela não vai ser o centro das atenções na frente dos conhecidos dela, mas, ao invés disso, os convidados voltarão os olhos para a Nina, que está recém começando. É incrível mas a mãe do Trepliov, acaba sendo o principal motivo para a peça dele não continuar. Ela chega a fazer uns comentários estúpidos, durante os primeiros minutos do espetáculo, pra todos ouvirem,  dizendo que aquilo é totalmente decadentista e debochando da criação dele. A forma como o Trepliov se sentiu ao escutar aquilo foi o que obrigou ele a interromper a peça. Isso deve ter feito ele se sentir um nada, imagina... a tua mãe odiar o que tu faz e pior, dizer dizer alto que o que tu faz é uma merda; e pior ainda que isso, fazer a Nina derrepente acreditar que o ela está é fazendo papel de idiota ali na frente daquelas pessoas. 

O fracasso... de ter tido a própria peça rejeitada pela mãe... e por toda a elite da arte.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O Corpo Grita.


Ontem, em nosso ensaio, cheguei atrasada, o pessoal já estava  experimentando as escadas que vamos usar no trabalho. A instabilidade que surgiu para executar movimentos nas escadas fizeram com que criássemos outras ações junto com o risco do ator em cena. Cada um foi realizando, ao longo do processo, seus solos, todos juntos em cena compondo uma unidade forte de grupo quando cada um fazia sua partitura individual.

Antes de chegar na minha partitura,  fiquei por um bom tempo realizando meus espasmos, foi cansativo e dolorido faze-los, chegando no momento em que comecei a falar meu texto. Fiquei com sensações diversas, ate chegar em um turbilhão de emoções, chegando no choro com o seguinte texto: “Agora Kostian, eu já sei e compreendo que em nosso trabalho, tanto faz se atuamos no palco o se escrevo, o que importa não é gloria, nem é brilho ou a realização dos sonhos, e sim saber carregar a cruz e ter fé. Eu tenho fé e quando penso em minha profissão eu não sinto medo da vida”.


Voltamos e nos sentamos fazendo movimento do que chamamos de “espelho”, e logo terminamos as ações indo para as escadas, com as frases e batendo em nosso corpo, saindo sussurrando pela a boca – “Eu sou uma gaivota. Eu sou uma triste verdade. Eu sou uma dor de verdade. Isto sim é que é teatro. Eu tenho fé. Eu sou uma ATRIZ”. Até o fim de nossas ações dando por encerrado mais uma noite de ensaios e a busca de ser ator de verdade.

Post por Tatiana Duarte

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Fluência, cadência e inspiração: subimos mais alguns degraus hoje...

"Escada em espiral" retirada da internet
Literal e metaforicamente. Hoje, segunda-feira, subimos mais alguns degraus dessa complexa escalada que tem sido o Olhar do Outro: utilizamos escadas para explorar movimentos já coreografados e outros novos que foram surgindo no processo criativo da noite. Também meu corpo reagiu com emoção, devido a algumas memórias que acionei e que condiziam com o texto que a Xanda estava lendo (o Pósfácio de "A Gaivota" num trecho que falava em frustração). 

Em seguida, eu com o violão lembrei de quando alguém, no texto de Tchekhov comenta mais ou menos assim: "Trepliov está tocando piano, sinal que está triste". Inevitavelmente, a atmosfera instaurada fez a (não) combinação dos acordes soar melancólica. 

O ato de me permitir influenciar pela movimentação das gurias e pelo texto que a orientadora lia em voz alta fez com que eu acelerasse ou desacelerasse a tocada do instrumento, variasse as forças e tipos das batidas e encontrasse os acordes menos racionalizada e mais intuitivamente. 

Outro momento ápice para mim foi quando, espontaneamente, eu, Tai, Ana e Tati trocamos alguns textos e olhares - foi quando nos senti mais sinceros - durante a improvisação sobre as escadas. O texto: "quando eu for um ator de verdade, vem me assistir?". Isto está fazendo com que o texto ganhe mais sentido. 

sábado, 4 de agosto de 2012

O treinamento com bastão, um estímulo externo para o encontro com a Verdade

"Para um ator, trabalhar no nível pré-expressivo quer dizer modelar a qualidade de sua própria existência cênica. Sem eficácia no nível pré-expressivo, um ator não é um ator." (Barba, 1993, p. 159)


Eu encontrei essa citação do Eugênio Barba no livro "A Arte de Ator" (pg. 57) de Burnier, quando falava sobre "pré-expressividade". Para mim, o que trabalhamos neste dia (capoeira, corda, bastão) foi esse mecanismo que não aparece diretamente na cena, mas que reverbera fortemente nela e nos é, portanto, fundamental. A seguir vocês entenderão a forma que - através de um simples jogo/treinamento - me senti mais verdadeiro em cena.
Descrição do jogo com bastão:

Em duplas, um falava seu texto memorizado enquanto o outro tentava tocar o primeiro com o bastão. Este primeiro deveria não deixar-se tocar, a qualquer custo. O interessante desse exercício é que fez desmecanizar a maneira declamatória e sem vida com a qual eu vinha falando o texto.

Anotação feita em meu diário de trabalho:

02/08/12, quinta-feira, tarde. Coisas que ficaram de hoje:
O trabalho com o bastão trouxe um estímulo externo para o meu corpo no momento que eu dizia o texto do monólogo. Isso transportou mais força e naturalidade para a minha fala (uma surpresa, algo de novo). Em especial na parte em que eu recebi o toque do bastão no corpo, tive a sensação de estar fracassando e isso trouxe à minha fala uma sensação de rancor misturada a um "quase choro". Em conversa com a Xanda, na hora do café (pós ensaio), compreendi que:

Para voltar ao mesmo estado de emoção eu preciso lembrar da sensação mesma da hora do jogo, relembrar, no corpo, a sensação de ANTES da EMOÇÃO de fato. NÃO é a emoção em si que deve ser lembrada, mas o caminho para ter chego a ela, o seu percurso. Isso tratá a verdade para a cena sem que haja a falsidade típica de uma emoção racionalizada. Além disso, permitirá naturalmente a variação (não repetição) de entonações, emoção da fala etc, pois o racional estará mais no percurso do que na emoção em si.