sábado, 29 de dezembro de 2012

Performando como processo de cura

Fui visitar Lumilan Noda que estava doente.
Teclando com ele pelo faceboock  descobri que ele estava mau, com problema na garganta, em plena semana de apresentações.
Fiz um patuá de sal, cravo e canela para um banhos de restauro a energia, e entreguei a ele em uma visita.
Conversamos muito sobre arte, projetos trabalhos e performances, ele me comentou que tinha ficado de bravo com um amigo porque esse amigo disse que ele não falava e me relatou com detalhes tudo o que incomoda mais ele, quando pendem para ele falar sendo que não quer, que esse comentário tinha deixado muito irritado, quando ele terminou o seu desabafo falei para ele.
-Isso podia virar uma performance.
E na hora começamos a viajar em exercícios e experimentos.





"Coisas que eu queria dizer e não disse".

Primeiros momentos dos exercícios;

-30 minutos falando sem parar; quais quer coisa, despertando a criatividade.
-Relembrar as coisas que queria ter dito e não disse.
-Movimentos aleatórios com o corpo.

Observar o resultado que esse experimento irá nos estimular. Com notações em um diário.

Pontos da pesquisa;

-Verbal (o ato da fala)
-Intelectual (relembrar o que eu queria ter dito e não falei)
-Física (memorizar as ações que mais me chamaram a atenção)

Segundo momento exercício;

- Partir para a pratica na rua com o material que encontramos na primeira etapa.




Frases de referencia para a pesquisa;

"Libertar as pessoas é o objetivo da arte, portanto a arte para mim é a ciência da liberdade."
Joseph Beuys

Marina Abramovic: “Quanto pior sua infância, melhor sua arte”

"Não dá para viver num lugar sossegado, a natureza não precisa da arte, é perfeita sem a gente."
Abramovic, Marina


"É escusado sonhar que se bebe; quando a sede aperta, é preciso acordar para beber".
Sigmund Freud

"O pensamento é o ensaio da ação".
Sigmund Freud

"O sonho representa a realização de um desejo".
Sigmund Freud



Post Por Tatiana Duarte

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Pesquisas e Ensaios Continuam

O grupo do Olhar do Outro esta se encontrando no COP nas quarta e quinta, para ensaiar e aprofundar mais seus conhecimentos no movimento e na ação física do ator.
Neste encontro estávamos eu e Lumilan Noda, o resto do elenco estava com apresentação em outro trabalho não podendo comparecer.



No espaço nós aquecemos, alongamos e dançamos, logo apos passamos para as cena, e quando começamos a improvisar foi surgindo coisas novas, um deles que me lembro, paramos na boca de cena e começamos os dois juntos a perguntar, lembrando de algumas perguntas que já foi feita a nós, tipo:

-Tu vai trabalhar no que depois que te formar?
-Teatro né.
-Ta mais tu vai trabalhar no que mesmo?
-Ué em teatro.
-Mas isso não da dinheiro.
-Sim, mas tem que se dedicado.
-Eu não gosto de teatro, é estranho.
-Sou um ator nato, quando queiro eu choro. Querem ver? Pronto...
-Agora só quero ver se tu é atriz de verdade. Quero ver se tu chora?
-É a minha cara, fazer teatro. Quando eu era criança eu mentia muito bem.
-Adoro teatro, tenho baita jeito para teatro, faço todo mundo rir.
-Teatro é coisa para gente louca.

Fomos falando juntos e horas era complementando a fala do outro. Tiveram mais coisas, e decidimos que vamos filmar nosso processo e com isso ter uma visão de fora para ficar com as imagens legais que vão surgir.

"Libertar as pessoas é o objetivo da arte, portanto a arte para mim é a ciência da liberdade."
Joseph Beuys



Estes videos são parte da pesquisa sobre o movimento, achei importante em nosso trabalho.









Referencia para a pesquisa  Émile Jaques Dalcroze, Adolf laban, Wassily Kandinsky, Bronisław Malinowski

Post por Tatiana Duarte

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Ensaios e apresentações

Pós-apresentação, foto de Lauer A. N. Santos



O projeto Olhar do Outro, esta com seus ensaios e pesquisas em um momento de muito empenho e desafio pelos compromisso de cada integrante.

Vamos apresentar nesta sexta dia 14/12/2012, no evento "A cultura pede passagem" - Mercosul Multicultural com complexo da antiga cervejaria sul-rio-grandense (Prédio da Brahma) a partir das 20h






Cartaz do evento  "A cultura pede passagem" - Mercosul Multicultura.


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Teaser Por Trás do olhar



Comentário da diretora Alexandra Dias sobre um dos processos criativos na construção do espetáculo Olhar do Outro.





Teaser de divulgação da apresentação no Complexo da antiga cervejaria sul-riograndense,  onde haverá exposições, teatro, dança, canto, grafiti, esculturas, gravuras e fotografia.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A peça "Vermelho" e algumas relações com o "Olhar do Outro"

Mark Rothko (Antônio Fagundes) - Foto: Ana Laura Paiva
No último sábado (24), eu e mais integrantes do Olhar do Outro assistimos ao espetáculo "Vermelho", que aconteceu no Theatro Guarany. A peça, com atuação de Antônio Fagundes e Bruno Fagundes, é dirigida por Jorge Takla e nos faz emergir no universo subjetivo do pintor expressionista Mark Rothko. Na cena, Rothko, ao mesmo tempo em que expressava o amor por suas próprias pinturas, exprimia as suas frustrações pela não apreciação e desdém dos espectadores para com as suas obras. 

O sentimento de frustração de um artista - por não ter sido correspondido pelo público - está refletido também na peça Olhar do Outro, através do personagem Trepliov. Entrelaçando as dramaturgias: 

Em "Vermelho" o já reconhecido pintor se decepciona com o desdém dos espectadores para com suas obras, se sentindo corrompido pela cultura da arte como produto a ser vendido. Em "A Gaivota",  ao contrário, Trepliov não é um artista reconhecido como Rothko, mas um escritor sem fama alguma, e se sente fracassado quando percebe que seus textos não agradam nem à própria mãe (uma atriz) e nem ao próprio amor (Nina, que está atuando na peça dele).

Outros cruzamentos:

Trepliov (Lumilan Noda) - Foto: Thiago Rodeghiero
"Jovens artistas estão querendo me assassinar", falou o pintor. 
Tal indignação lhe serviu de afirmação quando, em forma simbólica, o artista quis dizer a seu assistente que as formas novas com as quais os jovens vinham se identificando e propondo estavam sendo, na realidade, desprovidas do mesmo peso, subjetividade e intensidade que as suas continham.

"Precisamos de formas novas, formas novas são indispensáveis e, se elas não existirem, então é melhor que nem haja nada".
Trepliov em contraponto, defendendo que a arte não deve ser de poucos, isto é, que não deve ser feita apenas pelos mais consagrados e reconhecidos artistas.

O suicídio é outro ponto em comum aos dois personagens. Porém, diferentemente do personagem Trepliov, criação de Tchekhov para "A Gaivota", a história de Rothko apresentada na peça é inspirada na real vida do pintor. 

Post: Lumilan Noda

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ritual de Ensaios









Ontem ensaiamos com novos integrantes na parte técnica afinando o trabalho para apresentar no prédio da Brahma, este teve registro e fizemos como se fosse uma apresentação para o público. Contamos com o apoio da   Tatiana Sato fazendo imagens e Vitor Hiroshi na iluminação. Foi o primeiro contato com o trabalho cênico  deste integrantes com o grupo.

Temos em nossa pesquisa que encontrar os nossos"eus" para relacionar as mudanças e os novos espaços no qual o grupo apresenta seu trabalho. No projeto esses "eus" se dá no desnudamento em cena, criando rituais coletivos de corpo e olho no outro para encontrar esse diversos personagens, nós encontra e colocando nossa linguagem dentro deste processo.

Post de Tatiana Duarte

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Caça as Galinholas


O projeto "Olhar do Outro" está passando por uma fase de transformação. Com novas maneiras de se recriar, está com integrantes novos no elenco e equipe, nesta fase contamos com Vitor Hiroshi, criando e pesquisando o roteiro de iluminação, e Juliano Bgass que está no elenco do espetáculo.
Ainda em processo de criação de formas novas em conjunto com o grupo, os novos integrantes estão somando muito ao trabalho.
Hoje começou nossos experimentos em cena, e as barreiras de estar dentro e fora da cena fizeram o grupo se focar em pesquisa e movimento, o elenco esta performando os processos coletivos de trabalho.
As cenas e partituras estão se formado para esse corpo diferente, está sendo um desafio super prazeroso trazer essas novas simbologias à equipe.








Vídeo de pesquisa do Juliano Bgass, em seu processo na construção de movimentos para as cenas.


Post por Tatiana Duarte

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Vídeos da oficina "Corpos Projetados"












RELATÓRIO DA OFICINA “CORPOS PROJETADOS”


A experiência em ministrar a oficina foi gratificante, ficamos muito envolvidos com a elaboração da oficina, que aconteceu desde a limpeza do espaço que seria usado até a interação com vídeos que foram os resultados finais do trabalho. Também pudemos observar como se deram as relações deste grupo de participantes que partilharam ideias e auxiliaram os colegas a organizar todas as ações. Todos se empenharam para que tudo desse certo.

Neste trabalho tivemos poucos participantes, mas isso não foi preocupante, pois quem lá estava, esteve entregue ao jogo e com isso conseguimos fazer as nossas atividades com calma e com ótimos resultados.

Tivemos no primeiro encontro a introdução da nossa pesquisa sobre as relações de vídeo e teatro, mandando um plano de aula para o pessoal por e-mail com as referencias. Além disso, organizamos slides dando suporte teórico, depois passamos para exercícios de corpo e voz, este se deram em uma sala, aonde formamos um circulo com os participantes.

Neste inicio de práticas nós mais os participantes alongamos, indo o corpo livre de encontro com a dança (como forma de aquecimento); fomos conduzindo o pessoal a lembrarem dos sonhos que havíamos pedido que trouxessem para contar na oficina; caminhando pelo espaço, um de cada vez parava e contava seu sonho; acrescentamos um bastão ao jogo: um participante ia ao centro do circulo e falava seu sonho, enquanto os outros iam jogando o bastão. Ficamos um tempo exercitando o pensamento, o corpo e a voz com esse jogo passando para a fase seguinte: uma dupla de forma que um conta o sonho para o outro. Partimos para outra etapa que foi escrever o que vinha mente durante um tempo de 5 minutos. Esses escritos ficariam com eles mesmos, era mais uma maneira de criação artística pessoal que eles teriam para montar em solos ou em seu processo de arte dentro de sua área, pois tínhamos participantes das artes, arquitetura e do cinema.

Concluindo essa etapa, fomos para prática das formas simbólicas que os sonhos nos ofereciam e começamos a elaborar os vídeos para o processo criativo. Este foi bem aberto e todos nós ajudamos uns aos outros nas composições que foram surgindo. Terminávamos nossa atividade quase as 22h30, o envolvimento foi grande.

Com esse material capturado fomos para casa, então começou outra aparte do trabalho que foi a edição do material, contamos, para isso, com o apoio do técnico do projeto que também fez a oficina, Thiago Heinemann Rodeghiero. Ele entregou, no dia da mostra, os vídeos para que pudéssemos interagir com essas linguagens midiáticas. O resultado: um jogo interessante com as projeções inspiradas nesses sonhos, trabalho este que tentamos esboçar em vídeo-performance no momento da mostra.

Ana Laura Paiva, Lumi Noda e Tatiana Duarte

Relato dos Participantes da Oficina Olhar do Outro

Desde o início de minha graduação em Artes Visuais, me chamava muita atenção o momento em que o professor passava ou parava diante do data show e a projeção do conteúdo tomava a forma do corpo, deformando a imagem, variando o tamanho e a cor.

Com o decorrer do tempo o contato com videoarte aumentou, e o entendimento das possibilidades que os anteparos oferecem foram sendo descortinadas para mim.

Por conta disso, na oficina "Corpos Projetados" a questão das projeções não foram as que mais me instigaram; o processo por trás do vídeo projetado, sim.

Como um não-ator, o trabalho realizado até alcançar o produto final (vídeo projetado e suas interações) me desconcertou, considerando o distanciamento com o qual encaro o uso de minha própria imagem. Usar meu sonho, minha escrita, minha fala, minha mão... Usar-me como material de inspiração e composição foi a grande graça conquistada através da oficina, além das muito grandes outras graças que foram as trocas de experiência entre as pessoas presentes.

Como artista em formação, no momento atual passo por uma crise poética na qual o abismo da auto-imagem e o olhar do outro em relação a ela me são extremamente pertinentes.

A interpretação de um personagem, a interpretação de um sonho, a revelação do eu-interior... Isso me faz questionar se a velatura do que pensamos/sentimos não é de certa forma a composição natural de um personagem - e que é mais fácil vestir-se de outros personagens que despir-se desse "eu mesmo" que cobre o verdadeiro eu.

De toda maneira, a experiência veio em boa hora, e seus frutos hão de ser degustados e digeridos por mais um tempo.

Yuri Morroni




Participar da oficina foi de grande valia para mim, que trabalho com edição de vídeos, e ver como esses videos podem ajudar a compor uma cena foi incrível, as enormes possibilidades que isso pode trazer e os vídeos que criamos durante a oficina me fizeram ver enormes possibilidades de criação em ambos os os universos tão estreitos.

Thiago Rodeghiero




Há cerca de um ano comecei a meu interessar por projeções e desde então não parei de pesquisar a respeito. Através da Ana Laura, conheci o trabalho do "Olhar do outro" e me apaixonei ainda mais pelas projeções. Foi um experimentar-se, um olhar para dentro de si mesmo, usar os próprios sonhos e a própria imagem para gerar um novo material foi algo único para mim, uma estudante de arquitetura, que sou acostumada a pegar referências de fora para meu trabalho. Entrar dentro de um personagem, encarar uma câmera, ouvir a própria voz e interagir com as projeções foi incrível, certamente os frutos que surgiram naquele feriado, tudo que aprendi perdurará por muito tempo na minha vida e em minha atitudes.
Parabéns a equipe pelo belo trabalho!

Camila Parolin Ortega.





Post por Tatiana Duarte

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Fotos do encerramento da oficina Olhar do Outro, "Corpos Projetados"

Neste domingo finalizamos as atividades da oficina, com uma mostra, tivemos muitas ideias para compor os experimentos partindo de sonhos dos participantes, surgiram elementos simbólicos.
Foram feitos vídeos que projetamos em uma sala no DCE, para que quem fosse assistir interagisse com esse material que elaboramos na mostra.




















Post Por Tatiana Duarte

sábado, 13 de outubro de 2012

Mostra de vídeo no encerramento da oficina



Convidamos a todos para assistirem a mostra de encerramento da oficina "Corpos Projetados", que acontecerá neste domingo às 20h no DCE (em frente a praça Cel. Pedro Osório).
A oficina, fruto da pesquisa do grupo para montagem do espetáculo Olhar do Outro, está sendo ministrada pelos atores Ana Laura Barros Paiva, Lumilan Noda e Tatiana Duarte, com apoio técnico de Thiago Rodeghiero e aborda a relação de aproximação entre teatro e vídeo, um dos elementos-foco na composição e estudo do grupo.





segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Oficinas do Olhar do Outro, Corpos Projetados

Estão abertas as inscrições para a oficina do projeto olhar do outro, para se inscrever, basta mandar um e-mail para projetoolhardooutro@gmail.com, com os seguintes dados:

Nome
Telefone
e-mail
CPF



As oficinas irão desenvolver parte do projeto de pesquisa que gerou a peça Olhar do Outro, integrando Teatro com Vídeo.
Esta oficina é fruto da pesquisa do espetáculo cênico “olhar do Outro” que foi dirigido por Alexandra Dias, professora e coordenadora do Curso de Dança da UFPEL e é baseado no texto “A Gaivota” de Anton Tchekov, além disso conta com a coordenação técnica de Thiago Rodeghiero e no elenco Ana Laura Barros Paiva, Lumilan Noda, Taiane Fernades e Tatiana Duarte.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Espetáculo "Olhar do Outro" Recebe Crítica Teatral


Foto de divulgação do espetáculo Olhar do Outro

"Hibridismo, ousadia e arte tendo o teatro como cenário e contexto"
Por Vagner Vargas


No dia 14 de setembro de 2012, os atores Ana Laura Barros Paiva, Lumilan Noda, Tai Fernandes e Tatiana Duarte, apresentaram o espetáculo “Olhar do Outro” em frente ao Theatro Sete de Abril. Já que o único teatro público da cidade de Pelotas está fechado, o grupo aproveitou a oportunidade para levar o seu trabalho para a rua, utilizando a fachada do prédio como seu cenário e o fazer artístico como mote de suas discussões.

Tendo o texto “A Gaivota”, de Anton Tchekhov, como referencial inicial de pesquisa, a diretora Alexandra Dias nos propõe um espetáculo que dialoga com outras linguagens artísticas, rompendo com as barreiras limitantes entre as diversas artes. Além do texto do escritor russo, o grupo utilizou textos de Rubens Figueiredo e Robert Patrick para compor a dramaturgia do espetáculo. Além disso, a história era costurada por momentos, relatos e vivências pessoais de cada ator, dialogando com as passagens textuais dessas obras literárias, com o intuito de refletirem sobre o fazer teatral e a condição do artista no mundo contemporâneo.

Com um caráter de intervenção cênica no espaço público da cidade, o grupo propõe aos espectadores, além de outras abordagens, a discussão sobre qual o papel e o lugar do ator na sociedade. Essas reflexões acabavam sendo potencializadas pelo fato de estarmos assistindo a todos esses fatos, tendo como cenário de fundo um belo teatro, construído no século XIX, que hoje permanece fechado e representando o descaso que as artes cênicas sofrem nas políticas atuais.

O trabalho que os atores tiveram em se expor da maneira corajosa como fizeram, desvelando suas fraquezas pessoais, propiciou aos espectadores uma aproximação de histórias de vida que se identificam com os conflitos dos personagens literários. Esse tipo de diálogo entre ficção e realidade, relatos pessoais e textos dramatúrgicos vem sendo utilizado em diversos trabalhos artísticos que desejam desassossegar o espectador do seu olhar viciado nas estruturas formais e tradicionais das artes. Essas propostas além de oferecem ao público uma relação mais próxima com o contexto representado, lhe fomentam uma percepção diferenciada, um outro modo de encarar e se relacionar com os mais diversos tipos de situações que acontecem a sua volta.

Nesse sentido, muitas vezes um espetáculo não precisa de palavras e expressões textuais, uma vez que suas imagens podem dar vazão a uma série de abordagens e os artistas não necessitam delimitá-las dentro de um contexto definido. Por esse motivo, a opção pode ser pela exposição dessas imagens e deixá-las para que o público vá compondo os espaços lacunares, conforme é tocado naquele momento.

Sendo assim, o trabalho em questão nos expôs uma série de imagens lindas, não apenas nas projeções, mas também na movimentação dos atores e na maneira como eles se relacionavam com todos os signos que estavam ali sendo expostos. Desse modo, não posso deixar de elogiar a maneira como o grupo se apropriou e re-significou alguns quadros surrealistas, do pintor belga René Magritte, brindando a plateia com outras possibilidades de leituras daquelas obras e do peso que essas imagens imprimiam no contexto do espetáculo.

O figurino elaborado por Larissa Martins vinha muito ao encontro do contexto da peça do dramaturgo russo. Mas, além disso, os trajes extremamente belos, elegantes e bem acabados já nos chamavam a atenção no início do espetáculo quando os atores vinham chegando à esplanada em frente ao teatro. Nesse momento, poderíamos traçar relações sobre a tradição histórica que a população dessa cidade tinha em se vestir bem para ir ao teatro durante o século XIX e início do século XX. Porém, agora, essas pessoas disporiam apenas do espaço ao ar livre para apreciar o espetáculo. Apesar dessa relação textual e da percepção crítica sobre a situação, os figurinos também dialogavam com as obras do artista belga utilizado como referência e estavam extremamente adaptados à funcionalidade cênica de que havia necessidade.

A trilha sonora original e os vídeos de Thiago Rodeghiero compunham um ambiente no qual, ao mesmo tempo em que intervinham na paisagem urbana com as projeções, traziam o foco cênico para as discussões que os atores estavam propondo. A polifonia de informações da performance era sublinhada e ressaltada pelas projeções muito pertinentes que ajudavam a ampliar o leque de leitura das imagens apresentadas. Além disso, o crédito e êxito das projeções também se devem ao fato de fugirem do lugar comum e simplista que vemos em algumas peças de teatro. A utilização de filmagem e projeção ao vivo também foi muito interessante para os espectadores observarem o diálogo entre duas linguagens, enquanto a atriz Tatiana Duarte apresentava um dos textos mais lindos e difíceis de “A Gaivota”.

A maquiagem utilizada pelo grupo foi muito adequada ao contexto da concepção de encenação e à luminosidade que teriam nessa apresentação na rua. A iluminação de Juliano Bonh Gass fez mágica e mostrou muita criatividade para adaptar os recursos técnicos para um local ao ar livre que não dispõe de estrutura técnica para apresentações teatrais à noite. Nesse sentido, todos os recursos foram muito bem utilizados colaborando para a ambientação e contexto cênico.

O elenco inteiro está de parabéns pelas suas atuações. Mesmo sendo atores tão jovens, trabalhando em um espetáculo em que a performance se direciona à multiplicidade de imagens que compõem à plasticidade cênica, conseguiram trazer seus universos pessoais para a identificação dos conflitos das personagens daquelas histórias. Além disso, apesar das adversidades, os atores conseguiram segurar o espetáculo, mesmo sofrendo interferências desagradáveis de delinquentes que tentaram prejudicar a apresentação.

Mais uma vez, sou obrigado a falar da falta de educação de algumas pessoas em relação aos espetáculos que são apresentados em Pelotas. Nesse caso, por ser uma performance ao ar livre, os artistas já sabem que estarão expostos a quaisquer adversidades que possam vir a acontecer. Entretanto, isso não justifica que algumas pessoas se julguem donas do espaço público e se outorguem o direito de agredirem não apenas quem está se apresentando, como também quem está assistindo àquela obra.

O fato em questão se refere a mais de uma dúzia de jovens que estavam naquele local e não queriam permitir que houvesse uma apresentação teatral naquele espaço, pois desejavam utilizá-lo para dançar e cantar rap e hip hop. Em primeiro lugar, a Praça Cel. Pedro Osório é um espaço imenso e essas pessoas poderiam ter ido se expressar em outro ponto da praça, uma vez que o grupo de atores possuía liberação da prefeitura para apresentar o espetáculo naquele local, ou, simplesmente, se sentarem e apreciarem o evento. Além disso, a quantidade de bebidas alcoólicas que aqueles jovens faziam questão de mostrar que estavam ingerindo, não nos ilustrava que o seu intuito era apenas de expressar as suas músicas.

Não foram poucas as vezes que eles gritaram e tentaram atrapalhar a encenação, dizendo que queriam rap e se utilizavam do fato desse tipo de expressão estar associada às pessoas de classe social menos favorecida para tentarem intimidar a plateia a não reclamar. Acredito que seja muito fácil e cômodo se colocar no lugar e no papel de injustiçado quando não se respeita o espaço dos outros. Pela quantidade de bebidas alcoólicas que passavam de mão em mão e as dimensões espaciais da praça, também não acredito que aqueles jovens estivessem apenas com o intuito de se relacionarem com a arte. Antes de tudo, se desejam ter o seu espaço, precisam saber respeitar o olhar do outro em querer desfrutar de outras expressões artísticas.

Apesar de a plateia ter presenteado esses jovens com a indiferença, para que pudessem assistir ao espetáculo, financiado pelo poder público, acredito que os espectadores pelotenses não possam continuar sendo expostos a esse tipo de situação nas apresentações ao ar livre. Sendo assim, saliento o meu protesto quanto à ausência de guardas municipais e/ou da brigada militar durante o evento.

Essa interferência foi tirada de letra pelo grupo de artistas e acabou se tornando apenas mais um ruído desagradável que vinha de fora do ambiente cênico. Mas, em nada afetaram à qualidade do trabalho que ali foi apresentado.
Portanto, considero que a proposta trazida em “Olhar do Outro” seja de grande valia para as discussões do papel dos atores na nossa cidade e da maneira como as políticas culturais não vêem tendo a devida importância nesse município. Nesse sentido, espero que o grupo ainda possa apresentar esse espetáculo, de maneira segura, em outras ocasiões para que mais pessoas possam ter contato com esse diálogo híbrido entre as artes.


Fonte: CCETP
DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.
vagnervarg@yahoo.com.br 


Postado por Lumilan Noda

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Criticas sobre o espetáculo


Logo após que ocorreram as apresentações, recebemos no facebock  criticas e elogios dos espectadores que nos assistiram.




Depois da ultima apresentação fomos comemorar nosso trabalho e a missão feita.

Post por Tatiana Duarte

sábado, 15 de setembro de 2012

Sábado e Domingo espetáculo "Olhar do Outro" em novo local !


A apresentação de hoje e amanhã (15 e 16) acontecerá no PRÉDIO PRETO DO CURSO DE TEATRO DA UFPEL (Tamandaré esquina com Alberto Rosa) por causa da previsão de chuva. Mas os horários permanecem os mesmos: 21h e 24h (duas sessões), Estão todos convidados! 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Qual é a sensação?


Começamos a explorar o espaço, que estava vazio, sem os objetos de cena e figurinos, com isso nossa percepção sobre nós era mais aguçada. Com o foco no “Olho do Outro”, fomos conduzidos pela diretora a aquecemos o corpo e a mente, entrando em um estado ativo para o jogo cênico. Experimentando no corpo os níveis diferente com os pés bem plantados no chão, olhando um para o outro e para o espaço em que estávamos.
Já nesta consciência do corpo pronto ao trabalho, passamos as ações de toda a peça, com uma qualidade diferente, este mais físico e sempre ativo as sensações as descobertas das primeiras partituras, fomos nós encaixando e foram surgindo novos movimentos, contando toda a peça, com outro corpo. Tivemos mais intenções de movimentos e outras qualidades, recriando as matrizes.
Percebi uma sincronia de grupo que não tínhamos atingido até então, o grupo percebia e respondia com ações e olhares como é em nosso trabalho, o “Olhar do Outro”,  a sensibilidade se aflorou em nossa experimentação e criação ativa de trabalho sem os materiais, um trabalho de ator no tablado.



Assim como as coisa são belas naturalmente, o todo do nosso trabalho tem esse caráter sensível e sincero de corpo e alma.  

Post Por Tatiana Duarte