sábado, 7 de julho de 2012



Escreverei aqui em forma de diário, ou seja, revelarei momentos meus, pessoalidades, emoções. Além de conter dados mais técnicos sobre questões atorais. Nosso trabalho está sendo orientado por Alexandra Dias, que a cada encontro propõe linguagens novas, distintas do que costumamos ver na própria universidade ou mesmo em clássicos de teatro.

Aqui algumas anotações dos dias de trabalho:

Dia 15 de junho de 2012, Trabalhamos com a memorização de sons (no caso, o texto propulsor de nosso trabalho; A GAIVOTA), através de alongamento e aquecimento sobre bolas. Resolvemos “experenciar” uma prática de exposição, ou seja, trazer de nossa memória momentos de nossa profissão, em que nos sentimos expostos ou até humilhados por diretores, colegas, enfim. Esse exercício nos permitiu refazer a cena, e permitir o retorno dessas emoções.

No dia 16 de junho, iniciamos a manhã com práticas sobre a bola, reverberando “o corpo de hoje”. A cidade fria, úmida, cinzenta, causa o mesmo estranhamento ao nosso corpo. Sentindo que nossos corpos ainda estavam distantes de uma composição corporal estabelecida, negamos a proposta de nossa orientadora de apresentar uma partitura aos demais do grupo e decidimos “ativar o cinturão”. Quando tivemos essa ideia, pulei do lugar onde estava e pensei: _ Eba !!! Simione !!!! Uma de nossas colegas de trabalho não conhecia a técnica, no entanto, eu e meus outros dois colegas, fizemos a residência com “O CARA” do Lume.

Nos dias anteriores havíamos experimentado bastante a voz, mas sentimos necessidade de sentir de onde é que vem essa força e trazer novas possibilidades até de interpretação. Essa força que identificamos e ativamos com o Simione foi algo revelador para esse processo, esse estudo de teatro na vida. Após ativarmos os quatro abdomens, alcançando as quatro camadas (níveis) com o corpo interno e com o corpo externo, resolvemos utilizar o principio dessa técnica a reformulando para usá-la sobre dois objetos, um banco alto de madeira e uma bola do tipo pilates. Em ambos, sentimos e observamos as diferenças oriundas dessa “dilatação”. Relatei à minha colega, Ana Laura, que pela primeira vez aquele texto tornou-se crível, além de um teto dito por um ator. Houve verdade no texto, vi uma mulher de verdade trazendo sua história, suas emoções.

O mesmo aconteceu com a atriz Tatiana Duarte, no exercício sobre o banco. Ela trouxe uma força, uma forte energia. Deixamos todos de fazer nosso exercício, apenas para observá-la. Ela nos prendeu, nos chamou e nos revelou algo. Aliás, todos os quatro atores, após a dilatação, saímos a caminhar pelo tablado com intuito de permanecer com esses abdomens ativados.

Nesses momentos em que nós, atores, conseguimos surpreender a nós mesmos ... é que vale o trabalho. E isso, não precisa ser feito de maneira absurda, monstruosa ou gritante... Mas como diz o personagem Trepliov, “Precisamos de formas novas, se não é melhor que não haja nada”.

Nesse encontro trabalhamos com essas forças, em busca da união dos corpos interno e externo.



Nos encontros posteriores, improvisamos bastante. Percebemos que há um ciclo vicioso de paixões, como diz o poema de Drummond:





QUADRILHA

“João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes

que não tinha entrado na história”.


A história que vamos contar-viver é mais ou menos assim! J

Escreverei abaixo algumas frases significativas (ou não) para esse trabalho, mas que faz parte do processo.

· Bem-me-quer, malmequer (...)

· A serviço da sagrada arte – iluminados por uma luz artificial;

· É impossível viver sem teatro;

· Será que viviam ou vivemos em um período decadentista???

· Sinto-me atraída para cá, como uma Gaivota;

· Estou de novo diante de ti;

· Não sou Júpiter, sou uma mulher;

· Tema para um pequeno conto;



Registrarei o restante dos dias, dos processos e principalmente das descobertas que nasceram depois desses momentos nas próximas páginas desse blog.

A imagem acima, foi encontrada na internet. Para mim significa, uma forma nova de ver algo que sempre é visto!
Tai Fernandes

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