terça-feira, 31 de julho de 2012

Tarde para ler e relembrar


Depois de uma noite de segunda feira maravilhosa, cheia de atividades para aquecer e alongar o corpo, que serviram principalmente para trazer uma segurança maior para cada ator.
Recebemos a atividade de hoje.

Como cada ator possui um caderninho de anotações,  deveríamos em casa  ler tudo o que colocamos em nossas explicações sobre as atividades que realizamos nestes dois meses de trabalho.
Ao ler as minhas coisas parei e pensei: Nossa! É realmente é muita coisa, Algumas lembro direito! E agora?

 Porem mesmo com algumas lembranças já esquecidas, terei a responsabilidade de buscar na memória os movimentos que ficaram  bons.  Quem sabe assim não organizamos as ideias novas e unimos com  as que colocamos no papel?
Hoje a noite faremos uma "Jam session"  para utilizar tudo.

Ana Laura


E como eu tenho percebido o Trepliov até agora?

Um esboço de um texto que está surgindo...

___ Falando em Arkádina

TREPLIOV é o nome do escritor que protagoniza a peça pela qual a gente vem se inspirando pra construir este trabalho. O nome da peça é "A Gaivota" e ela conta o fracasso de uma peça que o Trepliov escreve.

Arkádina, a mãe do Trepliov, é uma atriz famosíssima. Ela mesma critica a criação artística do filho e, pior ainda,  não aceita que deva haver espaço para ele no teatro:

No entanto, em vez de escolher uma peça comum, ele nos obrigou a escutar esse disparate decadentista. Pois estou disposta a ouvir uma brincadeira, e até um disparate, mas não essas pretensões a formas novas, o que há aqui é apenas má índole. (Arkádina, pg 23-4)


Acontece que o Trepliov acredita que é necessário haver formas novas dentro do teatro, porque ele se sente cansado de ver sempre as mesmas coisas, com o mesmo tipo de interpretação e com o mesmo tipo... e do mesmo jeito... e da mesma forma... e com a mesma entonação... e com as mesmas jogadas de cena... e com os mesmos... né, Arkadina?

___ Falando em Nina

- É difícil, Trepliov, representar a peça que você escreveu. Não tem personagens vivos.


Só que essa última frase não é da Arkádina, é da Nina, por quem ele é, desde que se sabe, enormemente apaixonado. Ela inclusive é quem atua na peça que ele escreveu, e só... ela!

A relação dele com Nina é tão importante que tudo nos leva a crer que na peça que ele escreveu está projetado o amor que ele sente por ela, talvez nenhuma das pessoas que assistiu entendeu isso... talvez nem Ninca tenha se dado conta disso, talvez NEM ELE tenha consciência de que o que ele sente, com relação a Nina.

Na peça, Nina, sem saber, é a representação viva do sentimentos do Trepliov, é isso! A peça se tornou realmente um fracasso para os olhos de quem não sente e não sabe o que sente trepliov quando se aproxima da Nina.

(Texto da peça) Continua...

Post: Lumilan Noda


segunda-feira, 30 de julho de 2012

Olá leitores do blog Olhar do outro.
Vou registrar aqui alguns momentos do nosso trabalho, tentando trazer tais imagens ou sensações que viemos encontrando ao longo desses dois meses de trabalho.
Sei que palavras muitas vezes são belas, mas difícil é trazê-las para contar à vocês tudo que estamos experimentando.
Em nosso processo (ensaios, aulas, encontros) já decidimos algumas das faces desse trabalho; um tanto de subjetividade, imagens dos sonhos (inconsciente), cores de penúmbra e acima de tudo, todas dificuldades do processo atoral. Por vezes, frustração, medo, ousadia, impacto.
Variadas histórias, algumas de amigos e muitas autobiográficas.

Alguns de nossos encontros foram dedicados à partitura/composição do grupo inteiro, tínhamos ideia de ser nosso prólogo... mas até o fim desse processo, realmente não sei o que vai acontecer. Agora, lembrando de alguns encontros, recordo-me de um texto que nasceu de minhas ações corporais que aqui compartilharei com interessados.  Naquele dia, buscava um corpo que expressasse todos os sentimentos, os mais intensos, que marcaram essa minha caminhada pelo teatro. Lembro que antes tudo era sonho, tudo era possível. Engraçado que conforme vamos "amadurecendo", vamos deixando pelo caminho pedaços de nós. Antes tudo era belo... e depois de perdermos pedaços nossos pela vida, vamos ficando mais rígidos, mais amedrontados. O amor muda sua forma, as ações são mais pensadas. Mas então, para não perder o fio da meada, voltarei àquela busca atoral que falava, o texto saiu de mim, leve, como uma dança sublime (...)

"Durante muito tempo eu tive medo, incertezas
Oscilava em minhas ações.
Foi difícil tomar uma decisão
Mas um dia, eu tive uma revelação
Pois se não se pode mudar o mundo
É possível mudar a si mesmo
Encontrar algo em seu coração
Uma necessidade, um desejo (...)
O caminho no teatro é assim,
Quando você descobre suas distintas potencialidades
e possibilidades de transformação,
ou até mesmo de entrega
de conhecimento, de troca dos sentidos,
de amor, de sonho (...)
Catarse.
O rumo do ator é como uma caminhada sobre a corda bamba".

Depois dessas experiências individuais, resolvemos uni-las, juntando a composição de cada ator. O que surgiu foi um grande espetáculo-improviso cheio de imagens interessantes que guardamos em nosso corpo-memória para retomar ao nosso produto (trabalho que será lapidado para apresentar ao grande público).
Também ficou como característica do projeto Olhar do outro, é o trâmite ou trânsito entre os personagens, ou seja, ora sou Nina ora Trepliov ... não importa, o foco não está na interpretação de um personagem, mas nessa ideia de transitar por eles. Basta manisfestar isso por algum código, mesmo que seja a palavra.

Nossa diretora observou, nas primeiras improvisações sobre "o espetáculo A Gaivota" que mantínhamos um ar de solenidade, que havia uma gravidade pesada, digams assim ... conexão com a terra.
Muitas vezes um exagerado nas emoções, seguindo um caminho expressionista. Estrutura não-linear na forma de contar essa história e/ou vivênciar esse conto. Ainda, nessas primeiras improvisações, ela, notou uma ausência de noção de grupo, ou seja, ainda estávamos muito no campo do individual sem perceber o outro, com muita necessidade de estar sempre em cena, sem aceitar a hora de retornar, voltar atráz, silênciar. Havia ali uma ansiedade em participar das cenas. Nos atentou a perceber os momentos, as cenas dos colegas que por horas ganham mais importância e senão pararmos para ouvir, tudo ficará um caos. Isso me faz lembrar Nietzsche, quando diz que devemos nos afastar para perceber mais de longe ... momentos em que menos é mais.
Ainda, nossa diretora colocou, "quando as vozes estiverem graves demais, não fiquem nessa energia somente densa, ela causa uma bigorna a quem ouve".
Passamos a investir mais na conexão com o espectador, ainda que nossos ensaios sejam em lugares fechados e sem público, estamos nos abrindo para essa sintonia, até porque, quando apresentarmos nosso "produto", o apresentaremos na rua. Nesse espaço, não há um palco delimitado, nem seremos seres intocáveis.
Olhos atentos ao estado de cena, pois ora estaremos dentro ora fora, isso pode ser definido por um gesto ou até um silêncio, uma ação ou não-ação. Não há aquela característica de incorporação de um personagem. "Menos pode ser mais".
O estado agente constrói.
Estamos trabalhando com elemento performance, ou seja,  parece quotidiano. Remte uma confusão. De maneira que vamos saindo da couraça personagem e revelamos um outro momento.

"No performer a performance pode resultar muito próxima do processo (...) Seja fiel aquilo que está te acontecendo" Jerzy Grotowski.

Deixo aqui, momentos, sensações ou relatos do meu diário de processo.
Obrigada por dedicar pedaço do seu tempo, com nosso trabalho, nossa arte.

:)

Tai Fernandes
   

terça-feira, 24 de julho de 2012

Memorizando Texto do Personagem Trepliov

Esta é uma gravação que fiz agora há pouco do texto que ainda estou memorizando para um dos monólogos do Olhar do Outro. Ao mesmo tempo em que repassava o texto verbalmente, tentei expressar nas falas algumas intenções. No vídeo que vocês assistirão há uma das falas do personagem Trepliov (A Gaivota) em diálogo com seu tio, o Sórin.

Intenções e organicidade
Quando mais eu vou repetindo o texto, mais vão vindo a tona algumas intenções nas falas. Eu percebo que geralmente o texto soa mais orgânico (verdadeiro) quando essas as intenções não são pensadas e sim, ditas enquanto eu estou pensando no subtexto. Por isso, tenho pensado que o "subtexto" (sistematizado por Stanislavski) pode ser o caminho para uma intenção verdadeira nas falas.

Acho que o "Subtexto" é o que costura inclusive uma frase na outra, pode ser uma liga entre um pensamento e o outro. Faz falar não apenas com palavras, mas com olhares, movimentos sutis e respiros. De fato, ele tem sido importante.



Post: Lumilan Noda

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Exercitando os Cabelos

"(...) Leões, águias e perdizes, cervos de grandes chifres (...)"
Exercício Clownesco 
No encontro de hoje, após aquecermos o corpo com as bolas de pilates, iniciamos com um jogo que, ao nosso ver, era meio clownesco: cada um de nós, com sua respectiva bola, deveria apresentar um "número" enquanto estivesse acontecendo a música ao fundo. O tempo do número seria o tempo em que a trilha sonora estivesse rodando. O mais importante durante a execução do jogo era que cada um de nós apresentássemos com muita convicção, verdade e integridade para ganhar a atenção do público (os colegas). Por causa da bola, cheia de ar, o desequilíbrio nos levava a improvisar a partir do próprio erro. No momento em que iniciei a minha apresentação, a orientadora disse "Agora tu és o Senhor da Bola, o melhor do mundo" e isso me serviu como impulso. 

Coreografia do cabelo 
Hoje criamos e praticamos as ações da partitura do cabelo. De início eu não estava muito seguro nas ações (com o cabelo), elas estavam sem naturalidade inclusive. A Alexandra Dias me orientou no sentido de que eu reconstruísse as ações até formar uma sequência de 8 tempos, porém com movimentos COTIDIANOS exagerados. Acho que está funcionando. Amanhã nos aprofundaremos nisso e na construção de nossos solos cujos textos deverão estarem memorizados para amanhã.

Eu e a Tatiana Duarte manipulamos o cabelo da Tai Fernandes de formas diferentes e "marionetizadas", o que, aliado a musica que soava, tornou o movimento interessante.

A foto acima foi retirada da internet

Post: Lumilan Noda

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Egomaquina e Pesquisa

Em maio participei da Egomaquina, um trabalho de João Ricardo junto com outros colaboradores, este projeto esta sendo apresentado em São Paulo pelo Itaú cultural. Neste, eu com um fone de ouvido escutava um texto e o repetia, e uma câmera me filmava em um ângulo fechado no rosto, dando um ar de claustrofobia de quem via o vídeo. Em todo o trabalho que me envolvo, percebo impressões para minha pesquisa de atriz, e neste que participei, não foi diferente, porque também pesquiso a atuação e os deslumbres em filmagens, e como se da estas relações com tecnologias.

































Imagens retiradas do blog do projeto Egomaquinahttp://egomaquina.blogspot.com.br/2012/07/no-conjunto-nacional.html?showComment=1342146103280#c5303513535603097664







Post por Tatiana Duarte

Aprendendo a olhar


Hoje fizemos uma caminhada pela cidade, onde deveríamos abrir nossos olhos e reparar em tudo. Com a proposta de encontrar algo para utilizarmos no nosso trabalho.
Saímos da faculdade de teatro em direção ao Guarany, neste percurso passamos por várias casas e edifícios interessantes, um deles foi uma casa antiga que esta sendo reformada e percebemos a beleza de cada cômodo por traz de todos os escombros.



Ao sairmos de lá, sentamos e observamos o teatro Guarany, após  falamos  para os nossos colegas os sentimentos que à estrutura física do teatro transmite.
Fizemos  o mesmo no sete de abril e acabamos indo no memorial do sete para encontrarmos mais referencias, foi onde vimos fotos e antigos cartazes de peças e festivais, ingressos e muito mais,  foi maravilhoso!



Passando pelo calçadão fomos ao Quiosque que atualmente é dirigido pela Universidade Católica de Pelotas e encontramos muitas fotos e o referencias a cinema da cidade.Em nosso percurso encontramos com o senhor Ozires Reisque, que nos deu muitas informações e uma lista de cine teatros com o total de 12 só em Pelotas!





Sendo eles : Esmeralda, Apolo, América, Cine Rei,  Tabajara, Avenida, Cine São Rafael,  Gloria, Guarani, ·       Cine Pelotense e mais dois que por não lembrar o nome de dos cinemas deu o endereço de um dizendo que era no bairro 3 vendas e que o outro tinha sido destruído e era no centro.














Nos deparamos com um teatro de bonecos na praça e foi fantástico, paramos e um de cada vez ouviu e viu a história que era contada dentro de uma caixa.





 Saímos do Sete com o intuito de irmos à exposição de fotografias que contam a história de pelotas no casarão nº6, onde podemos alem de apreciar as fotografias, caminhar pelo casarão e ver como funcionavam as grandes casas da cidade


 Foi uma ótima tarde!.

Ana Laura Paiva


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Vídeos para nossa Pesquisa

Estou compartilhando alguns vídeos que tem haver com nosso trabalho. Neste caso por se tratar de uma transformação em cena  no filme Cisne Negro é importante destacar como se deu todo o processo. Em nossa pesquisa o bicho que estamos estudando é a "Gaivota"  e como se da o transito  desta partitura em nossas transformações no corpo. Nós enquanto atriz e atores, temos que observar e passar por essas metamorfoses, de um personagem construído para outros tantos que iremos faremos, para assim fazer-se o estudo do ator.













Foto do espetáculo KÖRPER de SASHA WALTZ





Post Tatiana Duarte

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Sequência de Ações

Hoje eu, a Ana Laura, a Tai e a Tatiana, nós refizemos as nossas ações, improvisamos sobre elas e criamos partes novas. Essas ações são movimentos pré definidos com e sem falas. Com isso, estabelecemos uma "ordem" de apresentação das cenas que passou a ser a seguinte:

GRUPO

- Caminhada dos quatro atores pelo espaço, de forma a realizar o exercício "banco do diafragma" em certos momentos, variando com os textos: "eu sou uma gaivota", "eu sou uma atriz" e "eu sou um ator";

- Partitura das "ações do espelho"

- Ana e Tati leem trecho do livro

- Imagens dos "dedos nos pés da gaivota" mais partitura do Lumilan ("eu sou um ator de verdade")

- Tai "gaivotando"

- Ana e Tati "gaivotando"

- A Morte da Gaivota

- "Minha primeira vez no teatro" de cada ator

SÓLOS

- A Ana e A Xícara (link com Pires da Tai, sob interferência do Lumilan)

- Tati representando a Nina, estilo fantasma

- Lumilan falando da representação simbólica de Nina para Trépilov, e da peça

- Tai e a representação no lago


GRUPO

- Trocação de personagens


OBSERVAÇÕES:

Consegui lincar o momento da "minha primeira vez no teatro" com a representação da personagem Arkádina;

Foi comentado sobre a importância de sempre perceber o grupo todo para saber o momento de "dar um passo atrás" e observar, deixar ser foco o ator-colega.

Achei interessante uma espécie de "mostra" dos personagens que apareceu logo nas improvisações iniciais de hoje, no tapete vermelho.


Post: Lumilan Noda

domingo, 8 de julho de 2012

Hoje, 8 de julho, estamos em Porto alegre. A mesma equipe do olhar do outro faz  na frente do Theatro São Pedro o programa Nem te conto.
Eu, Tai Fernandes, vim fazer uma performance na Casa de cultura Mário Quintana. No trabalho "cômodo complexo" da artista Martha Gofre.
Acredito que tudo que fazemos dentro do trabalho artístico, de atores, pode somar à nossa pequisa.

E vamos para a arte, vou encontrar o grupo agora!

sábado, 7 de julho de 2012



Escreverei aqui em forma de diário, ou seja, revelarei momentos meus, pessoalidades, emoções. Além de conter dados mais técnicos sobre questões atorais. Nosso trabalho está sendo orientado por Alexandra Dias, que a cada encontro propõe linguagens novas, distintas do que costumamos ver na própria universidade ou mesmo em clássicos de teatro.

Aqui algumas anotações dos dias de trabalho:

Dia 15 de junho de 2012, Trabalhamos com a memorização de sons (no caso, o texto propulsor de nosso trabalho; A GAIVOTA), através de alongamento e aquecimento sobre bolas. Resolvemos “experenciar” uma prática de exposição, ou seja, trazer de nossa memória momentos de nossa profissão, em que nos sentimos expostos ou até humilhados por diretores, colegas, enfim. Esse exercício nos permitiu refazer a cena, e permitir o retorno dessas emoções.

No dia 16 de junho, iniciamos a manhã com práticas sobre a bola, reverberando “o corpo de hoje”. A cidade fria, úmida, cinzenta, causa o mesmo estranhamento ao nosso corpo. Sentindo que nossos corpos ainda estavam distantes de uma composição corporal estabelecida, negamos a proposta de nossa orientadora de apresentar uma partitura aos demais do grupo e decidimos “ativar o cinturão”. Quando tivemos essa ideia, pulei do lugar onde estava e pensei: _ Eba !!! Simione !!!! Uma de nossas colegas de trabalho não conhecia a técnica, no entanto, eu e meus outros dois colegas, fizemos a residência com “O CARA” do Lume.

Nos dias anteriores havíamos experimentado bastante a voz, mas sentimos necessidade de sentir de onde é que vem essa força e trazer novas possibilidades até de interpretação. Essa força que identificamos e ativamos com o Simione foi algo revelador para esse processo, esse estudo de teatro na vida. Após ativarmos os quatro abdomens, alcançando as quatro camadas (níveis) com o corpo interno e com o corpo externo, resolvemos utilizar o principio dessa técnica a reformulando para usá-la sobre dois objetos, um banco alto de madeira e uma bola do tipo pilates. Em ambos, sentimos e observamos as diferenças oriundas dessa “dilatação”. Relatei à minha colega, Ana Laura, que pela primeira vez aquele texto tornou-se crível, além de um teto dito por um ator. Houve verdade no texto, vi uma mulher de verdade trazendo sua história, suas emoções.

O mesmo aconteceu com a atriz Tatiana Duarte, no exercício sobre o banco. Ela trouxe uma força, uma forte energia. Deixamos todos de fazer nosso exercício, apenas para observá-la. Ela nos prendeu, nos chamou e nos revelou algo. Aliás, todos os quatro atores, após a dilatação, saímos a caminhar pelo tablado com intuito de permanecer com esses abdomens ativados.

Nesses momentos em que nós, atores, conseguimos surpreender a nós mesmos ... é que vale o trabalho. E isso, não precisa ser feito de maneira absurda, monstruosa ou gritante... Mas como diz o personagem Trepliov, “Precisamos de formas novas, se não é melhor que não haja nada”.

Nesse encontro trabalhamos com essas forças, em busca da união dos corpos interno e externo.



Nos encontros posteriores, improvisamos bastante. Percebemos que há um ciclo vicioso de paixões, como diz o poema de Drummond:





QUADRILHA

“João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes

que não tinha entrado na história”.


A história que vamos contar-viver é mais ou menos assim! J

Escreverei abaixo algumas frases significativas (ou não) para esse trabalho, mas que faz parte do processo.

· Bem-me-quer, malmequer (...)

· A serviço da sagrada arte – iluminados por uma luz artificial;

· É impossível viver sem teatro;

· Será que viviam ou vivemos em um período decadentista???

· Sinto-me atraída para cá, como uma Gaivota;

· Estou de novo diante de ti;

· Não sou Júpiter, sou uma mulher;

· Tema para um pequeno conto;



Registrarei o restante dos dias, dos processos e principalmente das descobertas que nasceram depois desses momentos nas próximas páginas desse blog.

A imagem acima, foi encontrada na internet. Para mim significa, uma forma nova de ver algo que sempre é visto!
Tai Fernandes

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Outro olhar


                                                                                                                                                                                                       Saí para fazer uma pesquisa de lugares que poderíamos utilizar para o rapel, e acabei fugindo deste foco ao me deparar no meio do calçadão com imagens dos teatros antigamente.

Fiquei abismada em ver que passo quase todos os  dias ali sem olhar para os lados!
 E as imagens estavam ali,  fotos estas que trazem uma carga história em nossas vidas.
E ao perceber que antigamente mesmo eles tendo menos recursos, conseguiam fazer produções poderosas, só em olhar a instalação na fachada do teatro fico louca para voltar o tempo e nascer nesta época.
Mas é claro que a realidade de Pelotas hoje não é a melhor quando falamos de arte, afinal temos um teatro fechado outro parado a dois anos para reforma e um cheio de problemas de acústica.
Porem hoje em dia as pessoas não frequentam tanto o teatro.


 Ana Laura


Ator e seu Duplo



Motivada pelos impulso de hoje, experimentado em nosso processo prático, irei compartilhar minhas sensações que obtive em nosso trabalho que foram “super-intensas”. Acompanhada de um bom café, eu refleti sobre tudo que apresentei em nos exercício para a cena. Hoje estive em cena de forma horrível, fiquei perdida não estava lá... apresentei minhas partituras que tínhamos combinado, mas sabia que não estava bom, nada em ordem, a coordenadora do projeto, foi conduzindo a cena e me dando indicações como pegar um violão e falar meu texto tentando tocar, mas eu não toco nada.

Depois ela me pede para falar o texto sem o violão e me posicionei sentada, ela me conduzi-o para me colocar no texto no presente. Foi então ativei uma emoção, a principio de enjoou e logo em seguida de choro, com uma outra vontade de rir dizendo o seguinte momento do texto:

“Eu não sei o que fazer com as mãos , como me postar em cena, eu não domino a voz... Xanda você sabe o que é isso... ter consciência de atua terrivelmente mau”...

Este texto me deu uma outra coisa, o estado foi como um grito, berro, desabafo, pelas tantas vezes que me senti perdida no palco, o lago da Nina era o meu palco e me via ali em risco, percebi uma outra NINA a “minha” que estava escondida e não falava. De repente as coisa se apresentaram de outra forma o personagem do meu duplo. Como Antonin Artaud comenta eu seu livro aqui abaixo cito um das que acho importante para a formação do ator.

...O teatro reencontra a noção das figuras e dos símbolos-tipos, que agem como se fossem pausas, sinais de suspensão, paradas cardíacas, acessos de humor, acessos inflamatórios de imagens em nossa cabeças bruscamente  despertados;... ... e diante nós trava-se então uma batalha de símbolos... pag. 24 (ARTAUD, Antonin/ O Teatro e  seu Duplo/ SP, 2006, Martins Fontes)        


Trabalhei com o corpo que tinha hoje...



Post  por Tatiana Duarte

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A realidade dos atores se fazendo presente na concepção do espetáculo


TEORIA, SENTIDO, REALIDADE DE CADA UM
Nós nos encontramos agora mais cedo para trabalhar e o nosso encontro foi menos de exercícios físicos e mais de leituras. A parte teórica se faz indispensável porque nos favorece na apropriação do material e também na construção de um "sentido" mais consistente para o performer. Pois é, apesar da descontração de hoje o grau de relevância do encontro foi alto, tendo em vista as anotações feitas para a construção de cenas. O mais bacana é isto: o conteúdo para as cenas está partindo de histórias reais nossas, o que vem deixando mais verdadeiro e mais dotado de sentido tudo o que estamos fazendo.

PERSONAGENS
Conversamos sobre algumas situações engraçadas que cada um já vivenciou por fazer teatro, até que chegamos no momento de falar sobre os nossos personagens: uma manga, um pires, um servo de faraó e uma estrela. Essas foram algumas figuras que ficaram marcadas em nosso imaginário hoje.

PARA CRIAÇÃO DE CENA - Meu nome nos créditos
Foi pensado para a concepção de uma cena o fato de eu ter me sentido emocionado, certa vez, quando vi meu nome nos créditos do primeiro curta metragem que protagonizei. A orientadora anotou isso e  afirmou que faremos uma cena partindo dessa ideia. "Vamos pensar em como fazer o Lumilan reviver esse momento que ele viu o nome dele lá".

IMAGENS e EXERCÍCIO
Através de livros que tratam sobre performance, Xanda nos orientou no sentido de que selecionássemos - cada um no livro que tivesse em mãos- imagens que nos interessassem e que fizessem alguma relação (por mais sutil) com "A Gaivota", do Tchekhov. Depois conversamos sobre todas as imagens e a partir disso surgiram ideias para construção de outras novas cenas.


Teremos um dia para planejar o que apresentar no próximo encontro:
Requisito - a partir de uma ou mais imagens do livro que trouxe para casa, terei que montar uma cena.

A Gaivota e A Lua (foto retirada da internet)


Post: Lumilan Noda