quarta-feira, 23 de julho de 2014

Estamos em processo... de criação!


Após o nosso encontro no último domingo, alguns sentimentos passaram a instigar o meu imaginário de forma intensa. Me puseram a refletir como eu, artista, tenho me preparado e o quanto tenho contribuído para que o ato da criação cênica aconteça. pensando nisso, e também nos comentários  de amigos que assistiram a fragmentos do nosso processo de construção dramatúrgica, cheguei nas seguintes sugestões, percepções e auto-indagações:

Anoto aqui alguns itens acerca das feiras livres para debruçarmos nossa atenção, sensibilidade poética e pesquisa de composição cênica:

      1) Culturas e costumes dos feirantes
     - Quais músicas, figuras, objetos, vestimentas, cores, corporeidade, instrumentos, sotaques formam a cultura dessas pessoas e de que forma podemos representá-los utilizando de signos para isso? quais culturas são essas? o que plantam? quais são os seus pratos/festas típicos?

     2) História dos feirantes
        - Quem são e de onde vieram? como se estabeleceram em Pelotas, como foi o seu "antes"? investigar e valorizar as suas histórias. Como se sentem ali, o que gostam, o que não gostam na vida; o que mais e o que menos lhes motiva nas manhãs de sexta-feira?  investigar como é o "Olhar" desse outro?

    3) Histórias inusitadas 
        - descobrir que acontecimentos extra-cotidianos já os atravessaram na feira, engraçados ou não;
       
    4) Onde estará a poesia na feira?
      - Acordar a nossa sensibilidade para sentir os atravessamentos poéticos que a feira traz quando estamos em pleno contato com ela; ela nos remete a poesia, comunicação, a fazer novas amizades, a troca de conhecimentos, troca entre culturas?

   5) Observação de acontecimentos específicos e comuns da feira
        - Como por exemplo a pressa de fechar até o meio dia pelo risco de ser multado; de quando chove no dia anterior, no dia seguinte as frutas geralmente estarem mais baratas; sobre a cada hora que passa, dependendo do movimento da clientela, ter de baixar os valores.

Conversar, apresentarmos-nos, expressar quem somos e o que queremos, conhecê-los e nos abrirmos para que nos conheçam melhor. Expressar que o nosso objetivo é perceber e representar o cotidiano poético que acreditamos ter nas feiras livres. 

Entendermos, enquanto cia teatral experimental, que, mais relevante que cumprir o prazo para a realização da estreia é sermos fiéis ao nosso processo ("Qual o nível de submissão ao teu próprio processo?", como indaga Grotowski), e, por isso, escutarmos o "Outro" (principalmente os feirantes) é essencial para então e somados a isso escutarmos a nós mesmos. 

Ir a fundo, não se contentar com a superfície, isso é pesquisar, e me motiva. 


Lumilan

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